O Instituto Vox Brasil, responsável por conduzir pesquisas eleitorais em diversas cidades do estado de São Paulo, entre elas uma em Piracicaba, divulgada nesta última terça-feira, 24 de setembro, que coloca os candidatos Barjas Negri (PSDB) e Helinho Zanatta (PSD) no segundo, respectivamente com 41,2% e 22,5%, está no centro de um debate acerca da confiabilidade e da metodologia de seus levantamentos. De acordo com o portal TV Metropolitana Piracicaba, recentes decisões judiciais e representações protocoladas em diferentes municípios têm gerado sérias dúvidas sobre a legitimidade das pesquisas realizadas pelo Instituto, que também destoa grosseiramente da pesquisa Índice Pesquisa, contratada pelo Jornal A Tribuna Piracicaba, que apresenta Barjas Negri com 33,82% de intenções de votos, e a deputada Professora Bebel (PT) com 16,18%, enquanto Helinho Zanatta está em terceiro com 11,76%.Em Piracicaba, a VOX Brasil realizou três pesquisas de intenções de votos para prefeito, sendo uma em abril, outra em agosto e agora em setembro, todas colocando o candidato Helinho Zanatta em segundo lugar, e também destoando das demais pesquisas.
Uma decisão liminar do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) determinou a remoção de um vídeo publicado pelo ex-prefeito de Ribeirão Pires, Clovis Volpi. No vídeo, Volpi acusava o pré-candidato Gabriel Roncon de contratar uma pesquisa de intenção de votos de forma fraudulenta. A juíza eleitoral Dra. Maria Carolina Marques Caro Quintiliano, responsável pela decisão, observou que o conteúdo estava fora de contexto, uma vez que a pesquisa havia sido custeada pelo próprio Instituto Vox Brasil, conforme registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em Sumaré, o TRE-SP também impugnou uma pesquisa do Instituto que pretendia medir a preferência dos eleitores entre possíveis pré-candidatos a prefeito. A juíza Roberta Steindorff Malheiros decidiu suspender a divulgação dos resultados com base em uma liminar. Ela apontou que a pesquisa apresentava "vícios" de apuração e estava "eivada de ilegalidades que prejudicariam sua legitimidade."
Além disso, em Rio Claro, o Instituto enfrenta questionamentos após divulgar uma pesquisa que indicava uma vantagem significativa do prefeito Gustavo Perissinotto (PSD) em relação a outros pré-candidatos. Essa pesquisa, assim como outras realizadas em diferentes cidades paulista, foi autofinanciada pelo Instituto, o que gerou desconfianças. Representações foram protocoladas na Justiça Eleitoral em municípios como Piracicaba, Valinhos e Santos, levantando questionamentos sobre a isenção e a veracidade dos resultados apresentados.
A Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep) expressou preocupação com o aumento de pesquisas autofinanciadas, alertando que elas podem ser interpretadas como instrumentos de publicidade política. João Francisco Meira, membro do conselho superior da Abep, ressaltou a necessidade de cautela ao avaliar esses levantamentos, que, em alguns casos, têm sido realizados por empresas com vínculos em outros setores, comprometendo sua imparcialidade.
Em Francisco Morato, a Justiça Eleitoral determinou a suspensão imediata da divulgação de uma pesquisa do Instituto Vox Brasil, registrada sob o número SP-00467/2024, que seria divulgada no dia 10 de setembro de 2024 e referia-se à disputa pela Prefeitura da cidade. A decisão foi tomada em resposta a uma impugnação apresentada pela coligação "A Força da Mudança", que alegou irregularidades na amostragem utilizada.
A coligação, composta por sete partidos (PDT, PP, MDB, PRD, PODE, DC e Mobiliza), contestou o critério de renda utilizado na pesquisa, que dividiu os entrevistados em quatro categorias: "até 2 salários mínimos," "2 a 5 salários mínimos," "5 a 10 salários mínimos" e "acima de 10 salários mínimos." Segundo eles, os dados, baseados no Censo do IBGE, não refletem adequadamente o perfil socioeconômico da população local e divergem das categorias recomendadas pelo TSE.
De acordo com a coligação, 93,42% dos lares entrevistados possuem renda de até dois salários mínimos, o que, segundo eles, não corresponde à realidade do eleitorado de Francisco Morato, comprometendo a representatividade da pesquisa. O Ministério Público Eleitoral também apoiou a suspensão da divulgação dos dados.
Na decisão, o juiz entendeu que as alegações apresentadas pela coligação e os documentos anexados à petição inicial indicam "a probabilidade do direito e o perigo de dano." O magistrado destacou que as divergências na amostragem poderiam "gerar grandes distorções nos resultados" e influenciar a percepção da opinião pública em pleno período eleitoral.
Além de suspender a divulgação da pesquisa, o juiz ordenou que o Instituto Vox Brasil fornecesse à coligação acesso ao seu sistema interno de controle e fiscalização da coleta de dados. Em caso de descumprimento, uma multa de R$ 10.000,00 foi estabelecida. O Instituto também foi responsável pela última pesquisa realizada em Franco da Rocha, cidade vizinha, que apontou o candidato Bran Celeguim (PT) como líder nas intenções de voto para a prefeitura. Até o momento, esse levantamento não sofreu impugnação. As decisões referentes à pesquisa de Francisco Morato são liminares e ainda cabem manifestações das partes, além de nova análise pela Justiça Eleitoral. O caso seguirá para posterior parecer do Ministério Público Eleitoral antes da sentença