A deputada estadual piracicabana Professora Bebel (PT) diz que além de não pagar o piso salarial nacional, nem mesmo na forma ilegal de abono complementar aos professores da rede estadual de ensino, o governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, "dá um passa-moleque" na categoria ao pagar o chamado "bônus resultado" para uma parcela ínfima do magistério. Bebel, que é segunda presidenta licenciada da APEOESP, adverte que a entidade sempre denunciou o bônus como uma enganação e sempre reivindicou que o dinheiro seja aplicado em reajuste salarial para todas e todos, e para mudar este quadro diz que só com uma forte mobilização do magistério paulista.
De acordo com análise da Subseção DIEESE/CEPES da APEOESP, a previsão é de que em torno de 39,2 mil servidores, de 767 escolas, em 21 Diretorias de Ensino, recebam algum valor a título de bônus. "Isso significa que a absoluta maioria dos professores e professoras nada receberá. Utilizando critérios destinados a reduzir ao máximo o número de benefícios, o governo estabelece metas a serem atingidas - como se as escolas fossem fábricas ou outras atividades empresariais - criando balizadores difíceis de serem alcançados, não por culpa dos professores, mas em decorrência das péssimas políticas educacionais aplicadas pelo próprio governo", destaca.
De acordo com Bebel, ainda, o governador Tarcísio de Freitas e o seu secretário estadual da Educação, Renato Feder, sonegam aos professores e estudantes as condições adequadas ao ensino-aprendizagem, aplicando a chamada "plataformização" do ensino e utilizando os maus resultados decorrentes desse deliberado rebaixamento da qualidade do ensino para justificar a não concessão de valores decentes de bônus, devido ao não atingimento das metas. "Trata-se de uma política cruel de destruição da educação pública estadual. A resposta da nossa categoria será a unidade, mobilização e disposição para lutar, demonstrando ao governo que não aceitamos tanto desrespeito, tantos ataques, tanta desvalorização", diz.
Bebel destaca ainda que a direção da APEOESP cumpre seu papel de representar, pressionar, negociar, além de acionar o judiciário sempre que possível e necessário. "Os conselheiros e as conselheiras, nas instâncias da entidade, formulam políticas e dirigem as subsedes. Porém, é das escolas, na base da nossa categoria, que se constroem movimentos e greves que podem forçar o governo a vir à mesa de negociação e atender nossas reivindicações. Vamos iniciar o segundo semestre nos mobilizando nas escolas, nas cidades, nas regiões, em direção a uma greve que se torna cada vez mais necessária, mas que, para ser vitoriosa, precisa contar com a decisão e a adesão consciente de cada integrante da nossa categoria. As subsedes devem desde já buscar o diálogo com demais entidades do Magistério, funcionários, estudantes, movimentos sociais nas regiões, pois os ataques aos nossos direitos afetam diretamente a qualidade da Educação. O mesmo movimento será feito em âmbito estadual", ressalta.